专辑简介
Cyberspace and Reds é uma mixtape que Mike Skinner lançou recentemente via iPhone antes que seu último disco sob o nome The Streets, Computers and Blues, seja lançado. Apesar de ele reforçar nessa bela entrevista para o The Guardian que Computers será realmente seu último lançamento, é difícil saber com certeza quão sério Mike Skinner, um rapper, artista pop e da cena garage britânica e sempre cheio de graça, pode ser.
Mas independentemente de isso ser fato ou ficção (valeu, Animal Planet), a real é que o The Streets já carimba antes mesmo do seu suposto último disco seu lugar ao sol como um dos artistas mais influentes do Reino Unido dos anos 2000. De vez em quando perdemos essa dimensão pois acompanhamos mais de perto o que a imprensa norte-americana diz, mas vou repetir: Mike Skinner, sob a alcunha de The Streets, é um dos artistas pop mais influentes dos últimos anos. E Cyberspace and Reds, além de ser o início do fim, já revela que Mike mira por um último suspiro digno de seus primeiros lançamentos.
Não quero me prolongar nesta resenha porque o disco, que vem com a pressão de dois discos bem médios, cheio de dedos e todo o combo do profissionalismo, não é esse. Mas os indícios de um hip hop mais pesado, de batidas mais bem produzidas e longe das mais leves e pop que marcaram os dois últimos álbuns, é de impressionar até os mais céticos com o trabalho de Mike. "Don't Hide Away", "Too Numb", "Tidy Nice and Neat" e "Cross That Line" são excepcionais e balanceadas. Repetitivas, como Mike havia prometido, com refrões fortes como os de Original Pirate Material e com menos gracejos. Mas é "Something to Hide", uma faixa falada do início ao fim, que mostra como MIke Skinner pode terminar com seu Streets, como o Kanye West britânico das aspirações caseiras. Com a letra falando de como um site baseado em fofocas pode acabar com a vida de muitas pessoas, inclusive a dele, Mike revela: "They say that I'm a monster/ They say I should be dead". Difícil não comparar com, o que eu considero, a melhor faixa de My Beautiful Dark Twisted Fantasy (resenha), a canção "Monster". E as comparações/diferenças não param por aí. Mas Mike não é o oposto de Kanye West, como pode parecer subentendido, ele talvez seja o resquício humano do rapper megalomaníaco norte-americano. A última vozinha no ombro que leva ao questionamento: I'm a mothaf**king monsta como dizem? Da dúvida, ou da certeza, Kanye fez uma das melhores músicas de 2010; Mike, aparentemente, relaxou, gravou seu monólogo em seu Macbook Pro, e, entre um cigarro e outro, jogou um pouco de "Nintendo ou Xbox", apesar de não parecer se divertir mais tanto com os consoles. Talvez esse seja o real indício do fim do Streets.